Apresentação do Congresso - Petê Rissatti

Tradução e diversidade

Petê Rissatti, respeitado tradutor e leitor crítico de literatura, iniciou a palestra falando sobre o "lugar de fala", que é uma forma de questionar quem tem direito à voz quando o assunto é preconceito. Ora, quem tem legitimidade para opinar sobre o preconceito são as próprias minorias, as pessoas que sentem a intolerância na pele, e não quem opina de fora. A origem desse conceito é imprecisa, mas o que se busca com ele é o fim da mediação. Petê citou uma fala da pesquisadora e mestre em Filosofia Política Djamila Ribeiro ("você jamais saberá o que essas pessoas passam ou passaram"), ressaltando que só quem sofre o preconceito na pele pode falar desse lugar. A fala que deve ser ouvida é, portanto, a de quem está na situação de fragilidade. Não se pode dar pitaco no lugar de fala alheio. Mas é possível sentir e demonstrar empatia. Ter empatia é estender a mão a quem está em uma situação de fragilidade e dizer: "estou aqui".

Petê fez uma boa analogia dizendo que a tradução é um bom exemplo de atividade que pressupõe a missão de compreender o outro no detalhe: as palavras, a cultura, os preconceitos que ele tem e pelos quais passa. Traduzir é conhecer o "estrangeiro" que é o outro. O tradutor é um profissional que serve de ponte entre culturas. Para ter mais empatia é preciso se afastar de preconceitos. Tradução = diálogo entre culturas.


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