Palestra - Oficina literária

Pretexto - caminhos do fazer tradutório. Tempos e processos e uma oficina literária 
(https://www.apretexto.com.br/)

Equipe: Taís Paiva (traduz livros, localiza jogos), Mariana Serpa (tradutora, psicóloga), Gabriela Batista (faz interpretação das imagens na tradução audiovisual). Se reuniram para falar sobre áreas conectas da tradução. Após traduzirem o texto individualmente, elas se reunem para destrinchar os conceitos, comentar a experiência de troca presencial e trazem exemplos do texto trabalhado.

A oficina:
- textos e autores "dos sonhos"
- mão na massa
- lugar do erro
- tradução sem vergonha
- feedback mútuo
- efeito lupa
- ousadia e alegria

Elas traduzem, revisam e discutem as traduções umas das outras. Abrindo as portas: horizontalidade é a alma do negócio. Há quatro encontros semanais de duas horas e meia. Elas assumem um papel ativo e propositivo (mediação) nesses encontros.
O que acontece na oficina:
- tradução individual
- envio prévio
- mediadoras analisam antes
- encontro presencial
- recapitulações de encontros anteriores, mencionando os pontos "vitais" da tradução literária
- tradutores convidados (ex.: Rubens Figueiredo, Sonia Moreira, Debora Landsberg)
- valorização do tradutor e de sua obra
- chance de traduzir alta literatura

Exemplos de trechos discutidos durante as oficinas:
 
Todos os participantes trazem soluções boas, ótimas e, muitas vezes, soluções "fracas". Mesmo os tradutores mais tarimbados. A tradução final não é considerada "gabarito". Exemplo de texto discutido nas oficinas: "A manual for cleaning women" - Lucia Berlin (tradução: Sonia Moreira) => "Manual da Faxineira", Companhia das Letras, 2017. A obra reúne uma série de contos e aborda temas diversos (velhice, solidão, alcoolismo, traição, aborto, morte, problemas familiares…), que fizeram parte da vida da autora (aliás, grande parte do trabalho da Lúcia fala sobre solidão). Nesse livro há um trecho específico em que uma enfermeira que fala espanhol e recebe os pacientes hispânicos que chegam na emergência. O livro tem um subtexto de fetiche, como por exemplo o trecho em que a enfermeira atende um jóquei e diz que "gosta de trabalhar na emergência pois consegue conhecer os homens de verdade: bombeiros, jóqueis, etc". Há um subtexto dela recebendo o jóquei para ser cuidado. A discussão sobre a obra traz bons exemplos de como a subjetividade atua quando estamos traduzindo.

Critérios de escolha da "melhor" tradução: "o juntadão" - várias versões da mesma tradução, recurso didático visual, trechos que rendem um "caldo". 

Não existe tradução fácil. Boa tradução é o saldo final de muita reflexão, pesquisa, discussão e revisão.

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