Mesa redonda - A tradução para dublagem -- passado, presente e futuro

Mesa redonda: Dilma Machado, Paulo Noriega e Debora Cornelio

Para quem quer conhecer o processo de tradução para dublagem, todo e qualquer todo de contato com a produção audiovisual é válido, incluindo cursos de tradução para legendagem ou mesmo um curso de dublagem (com a leitura e a interpretação de um scritp já traduzido). 

Um aspecto importante citado durante a palestra foi a diferença entre a tradução para dublagem no Brasil e em outros países do mundo. No Brasil há um acúmulo de funções: o tradutor faz a tradução e a adaptação. E não recebe a mais por isso: o pagamento da tradução para dublagem subentende que dentro daquele trabalho será feita também a adaptação das falas e da narrativa para a realidade do público de chegada. Essa diferença é inclusive citada no site do Paulo Noriega (um dos palestrantes), que diz: "A primeira etapa do processo de dublagem de uma produção fica a cargo do tradutor para dublagem (tradução / adaptação). O tradutor para dublagem é quem traduz e adapta as falas do produto audiovisual (filme, desenho, documentário, etc…) e cria um roteiro para os dubladores interpretarem nos estúdios". Fonte: https://paulonoriegablog.wordpress.com/2016/05/06/estudios-de-dublagem-o-tradutor-e-a-sua-funcao/ (<= clique aqui para obter mais detalhes sobre o assunto)

De acordo com a Dilma, na França, Itália, Alemanha e Espanha há um tradutor e um adaptador. A tradução e a adaptação são remuneradas em separado -- ou seja, o processo é bem diferente daquele que seguimos no Brasil. Agora na Espanha o tradutor já demonstra interesse em fazer a adaptação, para que assim possa ganhar em dobro. Essas diferenças entre o processo de tradução para dublagem em cada país estão muito bem explicadas no blog do Paulo Noriega (endereço já citado acima), conforme verificamos no trecho a seguir: "Aqui faço uma breve pausa para comentar algo que ocorre de forma diferenciada no Brasil. Nos países europeus, onde a cultura da dublagem é muito forte, existe uma figura intermediária entre o tradutor e a etapa de dublagem em si, que é o dialogue writer ou adaptador. Lá fora, o tradutor dessa modalidade traduz de uma forma mais bruta, não precisando se preocupar em adaptar piadas, trocadilhos, etc, enquanto que o papel de 'soltar" o texto e deixá-lo mais com a cara nativa do país para o qual o produto está sendo dublado cabe ao adaptador. No Brasil, o papel do adaptador também cabe ao tradutor, mas muitos acabam não tomando todas as precauções necessárias, e muitas das funções que vemos na Europa realizadas pelo adaptador, são feitas no estúdio pelo diretor de dublagem em conjunto com os dubladores no momento das gravações". 

O blog também destaca o que se espera de uma boa tradução para dublagem. Vale a pena a leitura para complementar o que foi abordado no debate e para quem tem interesse em se aprofundar no assunto.

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